Doença psicossomática


O que são doenças psicossomáticas?


As doenças psicossomáticas são condições físicas que são influenciadas ou agravadas por fatores psicológicos, como estresse, ansiedade e emoções negativas.

O entendimento de doença psicossomática, refere-se a compreensão de uma prática e modelo de saúde mais integral e humanista, de condições complexas, multifatoriais.

Consideramos as interações explícitas de fatores emocionais e psicológicos que se somam a fatores físicos e biológicos no desenvolvimento, na manutenção ou na piora dos sintomas ou quadros clínicos de uma doença física.

Quando estamos expostos a situações estressantes da vida (familiar gravemente doente), a provocação do estresse gera em nós um incomodo saudável para lidar com o desafio do momento, mas caberá a cada um de nós manejar as emoções geradas naquele contexto. A forma como interpretamos, estabelecemos e nos relacionamos com o evento estressor (processo de adoecimento), fala intimamente sobre nossa capacidade de gerenciar nossas emoções. É importante entender os elementos geradores de estresse (medo de morte; vivências de luto(s) anterior(es); insegurança; etc) e identificar os sentimentos envolvidos, principalmente quando nossas necessidades não são atendidas, o que direciona à autocompreensão e ao encontro de alternativas de enfrentamento para diminuição da sobrecarga de estresse naquele contexto. Isso visa a diminuição do cortisol e adrenalina, presentes na ação do estresse crônico, que desencadeiam inúmeros processos físicos que respondem tanto no corpo como no psicológico, afetando a homeostase de nossas funções orgânicas.

A psicoterapia quando iniciada, deve-se checar através da avaliação psicológica, na primeira consulta para investigar aspectos psicológicos frágeis e inabilidades, padrões de comportamento, queixas pontuais e recentes, queixas mais longas e persistentes, traumas de infância, situações de luto, breve histórico escolar, relacionamento pai e mãe. Ao fim da avaliação, traçar o projeto terapêutico, pois o acompanhamento psicológico requer psicoterapia, com focos a serem aprofundados.

A abordagem da terapia cognitivo-comportamental é a abordagem que utilizo para os atendimentos, neles analiso a relação entre os pensamentos, sentimentos e modos de agir, identificando padrões de comportamento, são feitas intervenções diretas para a modificação de aspectos disfuncionais e para que o paciente reflita na substituição por processos mais saudáveis. Depois de fazer a identificação dos problemas e compreender o que está por trás deles, avançamos na psicoeducação para compreender os próprios sentimento; registro de pensamentos disfuncionais que surgem em determinadas situações; técnicas de relaxamento; pensamento socrático; habilidades sociais dentre outras na intenção de minimizar o sofrimento do paciente e promover o domínio neste para que ele possa manejar situações da vida e seguir sem a psicoterapia. O propósito é a recuperação do paciente e o resgate de sua saúde mental, não quero ter um paciente para sempre, quero que ele melhore e siga para o mundo, como deve ser.


Doenças psicossomáticas tem cura?

O tratamento da doença psicossomática envolve uma abordagem integrada e multiprofissional, que abarque tanto sintomas físicos, por meio do médico generalista e outros especialistas, bem como o psicólogo clínico, respeitando a diversidade de cada caso para a redução da gravidade ou persistência dos sintomas físicos e psicológicos.

No tocante a psicoterapia, Curar, quando se trata de questões psicossomáticas ou outras questões psicológicas, talvez não seja a melhor palavra. Não se apaga, a lembrança de um evento estressor, esta vai permanecer conosco. Mas o sofrimento que era gerado torna-se aos poucos menor e ganha outro sentido que não mais a dor, por isso falamos em tratamento, o que implica também em uma postura ativa por parte da pessoa que sofre com essa doença em buscar identificar e mudar fatores que se relacionam com a expressão dos sintomas. É nesse ponto que a psicoterapia entra, como processo para auxiliar na identificação desses fatores e na criação de estratégias de enfrentamento.

Cada pessoa possui um órgão ou sistema de choque para liberar as tensões no corpo. e pode ser transitório ao longo da vida. Então existe controle para minimizar sintomas.


Quais são as doenças psicossomáticas mais comuns?

Das que me chegam ao consultório na prática clínica, as doenças psicossomáticas mais comuns incluem:

● Distúrbios autoimunes: Embora a relação seja complexa, o estresse crônico pode desempenhar um papel na ativação ou na piora de condições autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus, intestino irritável.

● Enxaqueca: uma forma de dor de cabeça recorrente que pode ser desencadeada por estresse emocional, ansiedade e tensão.

● Problemas respiratórios: Asma e bronquite podem ser desencadeadas ou agravadas por emoções negativas e intensas, situações de estresse ou ansiedade.

● Distúrbios cardiovasculares: Estudos sugerem uma conexão entre estresse crônico e doenças cardíacas, pode contribuir para expressão, desenvolvimento ou agravamento de doenças cardíacas, incluindo hipertensão arterial e doença arterial coronariana.

● Distúrbios dermatológicos: Condições como eczema, vitiligo, psoríase e dermatite atópica podem piorar com o estresse e a ansiedade.

● Distúrbios Gastrointestinais, como a gastrite nervosa ocasionado pelo estresse crônico, são muito comuns em situações não elaboradas.

● Distúrbios do sono: A insônia e outros distúrbios do sono podem ser facilmente influenciados por preocupações, ansiedade e estresse emocional.

● Dores musculares e tensão: o estresse e a ansiedade podem levar a dores musculares crônicas, como tensão no pescoço, ombros e costas.


É importante ressaltar que as doenças psicossomáticas não são exclusivamente causadas por fatores psicológicos. Elas envolvem uma interação complexa entre fatores físicos e emocionais. O tratamento adequado geralmente envolve abordar tanto os aspectos físicos quanto os emocionais da condição. Se você suspeita que esteja lidando com uma doença psicossomática, é importante buscar orientação médica para um diagnóstico adequado e um plano de tratamento integral e adequado.


Qual a importância de um acompanhamento psicológico neste período?

A psicoterapia traz condições para que o paciente atue no manejo da própria autorregulação; potencializa a percepção de si, mesmo durante as crises, já que os questionamentos ampliam e conduzem a maior consciência das próprias motivações e sentimentos; gera maior concentração e bem-estar, diminuindo assim, a tensão, por capacitar o paciente a gerenciar e manejar sua relação com eventos estressores. Ao responder no enfrentamento do estresse, o paciente não só combate sintomas somáticos, mas posiciona-se de modo mais assertivo no seu entendimento, gere emoções e constrói relações mais saudáveis para si mesmo.

É importante reforçar que as doenças psicossomáticas não significam que os sintomas são "imaginários". Pelo contrário, os sintomas são reais e podem ser significativamente debilitantes. No entanto, eles são influenciados por fatores psicológicos, juntamente com fatores biológicos, ambientais e sociais.

No tocante ao vitiligo, por exemplo como doença psicossomática, há muitas possibilidades que impactam no emocional, sendo: a diminuição de autoestima; a sensação de julgamento perante aos olhares das pessoas, o que acarreta problemas de autoimagem; sofre-se preconceito pelas manchas quando visíveis; sensação de vergonha com o próprio corpo, evitando-se muitas vezes praias e piscinas; sentimentos negativos com maior recorrência; pode-se sentir constrangimento ou incômodo ao conhecer pessoas novas; interferência no autocuidado da aparência para mais ou para menos; maior exposição e notoriedade, ganhar apelidos dos mais vexatórios ou não após o vitiligo; isolamento social; a vida sexual é afetada de forma negativa. São algumas das queixas que envolve a realidade de quem possui o vitiligo.

A psicoterapia torna-se útil no contexto da pessoa com vitiligo, para a avaliação de crenças, autoconhecimento e dimensão da expectativa, conduz a pessoa às próprias respostas de enfrentamento, ampliando nova consciência sobre a saúde mental para tornar-se autêntico para com os próprios sentimentos ao invés de diminuí-los ou negá-los.

Ao passo em que o paciente rompe, reduz e controla a dinâmica do estresse, diminuiu drasticamente e o vitiligo, aos poucos, retrocede por exemplo.



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Psicóloga Clínica há 18 anos, Carla Ribeiro de Oliveira - CRPSP - 86203 - Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de Santos em 2001-2006; especialista em Terapia familiar pelo Instituo Sedes Sapientiae em 2008; especialista em Obesidade, Emagrecimento e Saúde pela UNIFESP em 2012; especialista em Transtornos Alimentares pela HCFMUSP em 2017

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