TOC - Trantorno Obsessivo Compulsivo
Todas as pessoas podem manifestar rituais compulsivos, entretanto, nem todos caracterizam um distúrbio de ansiedade. O TOC ou transtorno obsessivo-compulsivo, conforme a descrição do “Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais” da Associação de Psiquiatria Americana tem como principal sintoma a presença de pensamentos obsessivos desencadeados por um agente externo - situações significadas pelo sujeito como ameaçadoras - que levam à realização de um ritual compulsivo para diminuir a ansiedade que toma conta da pessoa. Por exemplo: um homem chega da rua, para entrar em casa, abre a porta e a fecha. Sua mulher que chega em casa em seguida começa a pensar sobre a quantidade de lugares e objetos que o marido passou ou tocou.
A mulher então tem dificuldade para abrir a porta. Em um caso leve ela poderia tirar um lenço da bolsa, abrir a maçaneta e lavar as mãos repetidas vezes para se purificar; em um caso de maior gravidade ela poderia nem abrir a porta por pavor de se contaminar.
TOC, caracteriza-se pela presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões entendidos por pensamentos representados por idéias, imagens ou impulsos que invadem repentinamente e de forma insistente a mente do indivíduo, sem que este queira ou tenha o domínio sobre tais pensamentos - como um disco riscado que se põe a repetir sempre o mesmo ponto da gravação - que se mantém presentes de modo irracional e angustiante.
Encontrar uma forma de livrar-se destes pensamentos por algum tempo é muitas vezes realizar alguns rituais, próprio da compulsão, seguindo regras com etapas rígidas e pré-estabelecidas que ajudam a aliviar a ansiedade. Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer-lhes. Um sofrimento sem dúvida! No entanto, à medida que os rituais são realizados a ocorrência destes pensamentos obsessivos tende a piorar e podem vir a se transformar em um obstáculo, não só para a rotina diária da pessoa como para a vida de uma família inteira.
Em um de meus atendimentos, em uma primeira sessão de psicoterapia, um adulto por volta de 35 anos refere que quando criança chegou a frequentar por muitos anos a sala de reforço e a repetir de ano na escola; chegou a ser diagnosticado com retardo mental pois dificilmente conseguia responder ao que lhe era perguntado. Na verdade ele contava as sílabas das palavras compulsivamente, tendo muitas complicações a partir daí. Este caso denota a dimensão e importância de uma boa e delicada anamnese.
O tratamento pode ser medicamentoso e não-medicamentoso. Normalmente os psiquiatras utilizam muito antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina e nós psicólogos buscamos no processo terapêutico suspender e rever os significados atribuídos a estes pensamentos permitindo a reconstrução destes pelo sujeito. O tempo e o modo da exposição às situações que geram ansiedade ocorrem à medida em que a pessoa sinta-se confortável para este enfrentamento. Os resultados costumam ser melhores quando associa-se a psicoterapia com o acompanhamento psiquiátrico.
Ocultar os sintomas por insegurança ou vergonha é um péssimo caminho, pois quanto mais se adia o tratamento, mais grave fica a doença. A interferência dos rituais do indivíduo que tem o TOC pode interferir na dinâmica da família inteira, assim, é importante estabelecer o diagnóstico adequado e encaminhar a pessoa para tratamento.
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